A Lapônia fica ao norte da Escandinávia e compreende parte do
território da Noruega, Suécia, Finlândia e Federação Russa (península de Kola).
De clima subártico, a vegetação é esparsa ao norte, e ao sul se situa a
floresta boreal. A região foi popularizada no mundo inteiro por ser considerada
o local onde reside o Papai Noel.
Criei recentemente uma expressão para denotar coisas
impossíveis: ‘catar coquinho na Lapônia’. Penso que nem o próprio Papai Noel
acreditaria que existe algum coquinho a ser catado por lá, mesmo com todo o
esforço do faz-de-conta, tendo em vista as características de clima,
temperatura. Mesmo a espécie como o Jerivá (Syagrus Romanzoffiana), que tolera
geadas, se adapta no máximo às baixas temperaturas de um clima subtropical.
Assim, pensei nas coisas
impossíveis e o quanto é difícil distinguir o que é ou não viável, tendo em
vista que existem certas ilusões que nos induzem em expectativas.
Como diz a música Causa y
efecto do cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler: “a vida cabe num clic.
Em um abrir e fechar (...) Trata-se de distinguir o que vale e o que não vale a
pena”. Esta poderia ser uma grande direção para o nosso caminho de vida, se
pudéssemos avaliar tudo com lentes de aumento e diferenciarmos, por exemplo, o
que é um mero desejo de um sonho, e ainda o que é ou não apenas uma miragem que
se apresenta como uma linda propaganda de margarina ou um cartão de créditos
sem limite.
Penso que o próprio contraste da vida nos dará vários sinais
que poderão nos tirar da distração de um caminho apenas bonitinho. O que nos
faz feliz e a quem gostamos deveria ser prioridade se isso não fará alguém
sentir o contrário. ‘Catar coquinho na Lapônia’ pode ser uma experiência
inesquecível e dolorosa, o momento em que apostamos todas as fichas e
percebemos tudo ir para o espaço sideral em tempos em que o deletar se tornou conjugação
diária. E assim poderemos ver um sonho evaporar-se na tecla ‘del’, e sem
chances sequer de estar na caixa de spam e muito menos ser compartilhado.
Mas viver só se aprende vivendo, e ao viver é que se aprende.
Então fica aqui minha sugestão, ao catar coquinhos na Lapônia nunca se esqueça
de convidar o Papai Noel para essa empreitada, porque se existem coisas
impossíveis, teremos que vencê-las com serenidade e humor, até a próxima
tentativa.
Crônica publicada nos jornais:
Diário Popular (Pelotas), NH (Novo Hamburgo),
Correio de Gravataí, Diário de Viamão e Diário de Cachoeirinha.
Meus agradecimentos ao amigo Jacques Beduhn,
pela consultoria a respeito da existência ou não de 'coquinhos na Lapônia'
o Jacques também é biólogo.