sexta-feira, 29 de abril de 2011

De perto, todo príncipe é sapo

   Aguardem os momentos decisivos da novela de dona Xerife!
Enquanto isso, fiquem com esta crônica que publiquei hoje em jornais da região metropolitana de Porto Alegre:
Diário de Viamão, Correio de Gravataí e Diário de Cachoeirinha.


   Incrível repercussão, no mundo, do casamento do príncipe William com a plebeia Kate. Estive recentemente na Argentina e Uruguai, por lá, a mídia dedicava boas páginas de jornais e matérias em seus noticiários televisivos, o mesmo está acontecendo aqui no Brasil, sem falar no resto do globo.
Século 21 e o imaginário príncipe/princesa ainda está muito presente em todos nós. Quem não deseja ter um parceiro da Realeza em sua casa? O príncipe que chega no cavalo branco, que faria tudo para nos salvar, não desmarcaria encontros, e ligaria no dia seguinte? Ou a princesa frágil esperando o resgate protagonizado por seu heróico cavaleiro, e detalhe, ela sem TPM e mau humor?
   A verdade é que com o passar do tempo, em qualquer relacionamento, a chance do princípe encantado - expressão que seria uma redundância, já que toda majestade carrega em si o encantamento - virar um sapo é muito grande. Os estragos que um simples par de chinelos esquecidos no meio da sala, sem falar na clássica tampa do vaso sanitário, podem ser imensos. A Bela que vira Fera por qualquer pequeno motivo, também vai transformando o castelo luxuoso numa casinha de pau à pique.
   Somos imperfeitos, mas sonhos da Realeza tornam nosso dia-a-dia mais suave. A famosa política do "circo", do pequeno escape diário que nos permite viver com um pouco mais de tranquilidade ao despertamos nosso lado onírico. Nos sentirmos num cenário luxuoso, como personagens Reais, num casamento ideal, mesmo que a gente saiba que tudo pode ser mentirinha. Isso alegra a existência, nos libera por minutos daquele problema que nos preocupa tanto, e até pode nos apontar soluções.
   Viver um pouco o faz-de-conta é um faz-bem para a saúde da alma.
   No nosso mundo, menos encantado, o que nos resta é procurar outro anfíbio que satisfaça nossas pequenas exigências, talvez a popular "metade da laranja", ou o "chinelo velho para o pé torto", quem sabe. E talvez conseguir transformar o banhado num belo castelo; seu sapo interior, no melhor que puder dar num relacionamento: Nossa Senhora Majestade.