domingo, 8 de maio de 2011

Mãe: contrato sem dissolução

Pessoal, no dia de hoje, não poderia pensar em outra postagem.*
Tudo que escrevi nesta crônica, de fato aconteceu e acontece.
É uma homenagem à minha mãe, Maria Aida Romeu Rodrigues, 
e também a todas as mães que lerem este texto.


   Criança coloca as mãos na cabeça, sem entender nada, fica com o rosto vermelho. Levanta, pega seu caderno e vai até a professora.
   - Mãe, não estou conseguindo resolver o problema - diz a criança
   - Não me chame de mãe, sou sua professora - diz a mulher
   Anos 70, cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, escola estadual, segundo ano primário, esta criança era eu; a professora, minha mãe.
   Várias coisas poderia considerar para qualificá-la como uma pessoa especial, mas me lembro com clareza desse fato. Uma mãe que não dava privilégios à sua filha, exercia sua profissão de magistério, na maioria das vezes desvalorizada, com maestria e esforço. Quando chegada a hora do tema de casa, eu sempre tinha que errar ou acertar sozinha, se perguntasse alguma coisa, logo me vinha com "me pergunte em sala de aula", ou coisa que o valha. Hoje aposentada, agora vovó, ainda nos cerca de algumas lições.
   Ser mãe é uma coisa muito esquisita mesmo, uma verdadeira metamorfose na vida da gente. Se antes era uma filha, indivíduo, uma partícula; agora me encontro numa espécie de célula de duas unidades. Tom e Jerry, queijo e goiabada. Tudo passa a ser decidido em conjunto, ou considerado para mais de uma pessoa. Pela primeira vez em minha vida, não sou mais a protagonista dela própria, tenho alguém para cuidar, zelar.
   Como mãe, tenho que ser uma criança, há pouco aprendi a brincar de pular corda, coisa complicada, pelo menos para mim; a contar histórinhas imitando vozes; recitar poesias; aprendi a ser cozinheira, até agora só sabia fazer o arroz "unidos venceremos"; e a trabalhar de madrugada, se isso fizer com que fique mais tempo com minha filha, e ainda aprendi a ser a modelo da capa, se isso a fizer sorrir.
   Serei mãe sempre, contrato sem dissolução. Agora sou mais de uma pessoa, sentindo e planejando por duas. E quando ela construir seu próprio caminho, ainda estarei com uma mochila nas costas para acompanhá-la.
   Minha filha só será criança uma vez na vida, adolescente, moça. Se tiver daqui a alguns anos que ouvir seus desamores; receber o namorado, mesmo que não tenha gostado dele, torcer para que passe no vestibular; comemorar o primeiro emprego, eu farei. Sempre estarei onde ela estiver.
   Sou mãe, agora é para sempre. Que diga a minha grande professora, mas que ainda só consigo chamar de "mãe". Sem cargos, ofícios, só amor. 

*Crônica publicada: Jornal do Comércio (Porto Alegre);
Gazeta do Sul/Especial Mães (Santa Cruz do Sul); 
Jornal NH (Novo Hamburgo); Jornal VS (São Leopoldo);
Correio Rural (Viamão); Correio de Gravataí (Gravataí).

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Entrevista


Ninguém pode negar, um dos 365 dias do ano é o nosso.
E foi exatamente no "meu dia", que o amigo Paulo Cheng
escolheu para postar a entrevista que fez comigo.
Um ato bonito de consideração por parte dele.
Está sendo um presentão, me senti criança de novo.

Paulo, meu amigo, muito obrigada pela oportunidade!

Desde já agradeço também a todos pela visita e comentários por lá.

A entrevista está no site: