domingo, 27 de fevereiro de 2011

Moacyr Scliar

   Hoje faleceu em Porto Alegre, o grande escritor gaúcho Moacyr Scliar.
   Nesta singela homenagem, gostaria de ressaltar  um aspecto de sua personalidade: a generosidade.
   Sempre muito disposto a ajudar os novos escritores, levou também a literatura para às escolas, onde ministrava palestras, falava de sua obra, muito solícito. Atendia com presteza as tantas perguntas que faziamos, escritores, aspirantes, estudantes e a mídia em geral.
   Por sua generosidade impar, meu agradecimento.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tratado sobre a paixão literária

É o título da minha crônica literária no
site: www.portuguesepoesia.com

Roger Tavares, obrigada pelo espaço.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Mamãe do futebol

   Contratada para fazer matéria sobre futebol, jornalista tentava começá-la.  Cansada, insônia, visita em casa e filha exigente.
   Quem sabe faço crônica sobre o jogo do Tamoios aqui da cidade? Pouco conhecido, mas show a parte. Goleiro muito ruim e novo craque atacante apareceu, pensou.
   — Mãe — interrompeu a filha
   Nossa, preciso fazer essa crônica logo, tenho que entregar amanhã.
   — Manheeeeeee.
   — Que houve, filha? — disse jornalista
   — Mãe, mãe, mãe.
   — Fala, minha filha.
   — Quero brincar de informática — disse a menina puxando o braço da mãe
   Como vou explicar que preciso entregar essa crônica para ser publicada amanhã para uma criança de três anos?
   — Agora não dá, estou usando o computador minha filha — disse a mãe
   Sozinha em casa com a criança. Marido tinha saído com visitas, e jornalista precisava fazer o texto.
   — Mãe — a criança novamente falou, puxando o braço de sua mãe
   — Filha, mãe precisa trabalhar, tenho que escrever, entende? Vai ali brincar com a pista da Polly — disse carinhosa
   A menina saiu com beiço grande e bochechas rosadas. Cabisbaixa, foi procurar brinquedo.
   — Por onde começo? Tem atacante novo do Tamoios, um tal de Zezinho Borba que ninguém ouviu falar, mas fez dribles maravilhosos e um super gol. E o goleiro do Tupandi ficou sem defesa, acho que é por aí. A crônica tem que ser em cima disso. Depois vou ter que achar o tal Zezinho Borba, ver se consigo uma entrevista — a jornalista falava alto como se em reunião estivesse. Uma conversa do eu consigo mesma. Verdadeira sessão de psicanálise.
   — Bem vamos começar...
   — Mãe — voltou a menina
   — Que houve agora minha filha? — perguntou irritada.
   — Mãe, mãe, mãe — insistia a filha
   — Minha filha vamos fazer assim, quando a mamãe está trabalhando, você brinca. Quando a mamãe acabar, brinca com você. Tá bom? — disse com calma
   — Mãe — a menina disse sorrindo — Quero cocô.
   A jornalista pegou sua filha no colo e saiu em disparo como se estivesse em competição nos 100m rasos. Nada de africanos, no pódium só dava: mamãe!
Chegou no banheiro. Assistiu a criança e retornou ao computador.
   Concentrando, preciso fazer esse texto. É fácil. É fácil. Respirando, com calma. Consigo.
   — Mãe — disse novamente a criança, já ao lado da jornalista
   — De novo?
   — Mãe, mãe, mãe.
   — Preciso trabalhar, daqui há pouco papai chega e brinca com você, tá bom?
   Menina começou a chorar.
   — Quero você, mamãe!
   Jornalista tocou na cabeça da filha e disse:
   — Já brinco com você.
   No jornal da manhã seguinte:
   Jogo: Tamoios x Tupandi
   Camisa 10 do Tamoios matou no peito, ajeitou na ponta da chuteira e sacudiu a rede.
   Goleiro do Tupandi disse:
   — Nossa mãe!