sábado, 30 de junho de 2012

Jet lag emocional


Eu e meu amigo Luciano Werhli.
Pessoal, fiquem com esta crônica* que escrevi inspirada em conversas com meu grande amigo Luciano Werhli.

   O jet lag é uma fadiga que acontece quando viajamos de avião e atravessamos diversos fusos horários, e ocorre uma descompensação entre o ritmo horário em que e a pessoa estava habituada, e o novo horário do local de destino. O ritmo padrão que o corpo respondia às necessidades básicas é alterado. Entre as consequências, ocorre uma espécie de insônia, pois o organismo não consegue adequar-se ao novo horário de dormir; ou mesmo a pessoa tem sono, quando não deveria.
   Conversando sobre viagens com grande amigo, pois concordamos ser uma das melhores coisas que se pode fazer na vida, começamos a trocar experiências, dicas e curiosidades, e a falarmos de lugares e países inesquecíveis. Não demorou para que escolhêssemos Paris, a “Cidade Luz”, como talvez a mais belíssima experiência como viajantes que tivemos até então.
   Paris é uma cidade que se descobre aos poucos. Quando estive por lá pela primeira vez, cheguei de trem da Espanha, ao desembarcar e sair da estação ferroviária caminhei um tanto, e pensei: “É só isto? Isto é Paris?”. Já instalada no hotel, fui explorar o território, mas a cidade – antiga Lutécia como batizada pelos romanos - é sedutora sutil e envolve nos detalhes. Nas ruelas, nos cafés, num arabesco incrustado na ponte, no velho do realejo na rua Mouffetard, na abóboda do Petit Palais, no quiche lorraine da padaria que tem mais de 200 anos. E assim, eu e meu amigo concordamos sobre Paris e logo começamos a sentir uma fadiga que nomeei como: jet lag emocional.
   O jet lag emocional, expressão que criei, penso que se faz adequada quando se tem a sensação de descompensação entre o lugar em que se está e onde se desejaria estar. E ali, dois amigos com vontade de retornar à Paris, mas estando a mais de 10.000km de distância, o que causou tamanha nostalgia e a fadiga eminente mesmo entre xícaras de café.
   E quantas vezes não nos encontramos numa absurda distância entre dois cenários? Ou a expectativa e a realidade? Os sonhos e sua concretização?
Há os que digam que não se deve criar expectativas nas coisas, para que não haja a decepção. Na minha visão, a expectativa caminha junto com os sonhos; e a decepção com a ilusão. Qual você escolheria?
   Correr o risco do jet lag emocional parece-me mais sábio. A vida é curta, e Paris - aqui um cenário de sentindo amplo, o destino desejado há muito - é logo ali, para quem sabe honrar cada dia de sua existência.










Dedico ao meu amigo Luciano e a todos apaixonados por viagem.

*Crônica publicada nos jornais: NH (Novo Hamburgo), Diário Popular (Pelotas), 
VS (São Leopoldo), Correio de Gravataí e Diário de Viamão.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Blogagem coletiva: espiritualidade


Pessoal, dia 6 de julho o HumorEmConto estará participando da 
blogagem coletiva: espiritualidade
Postarei uma crônica sobre o tema. Fiz um verdadeiro mexe no cronograma do blog para que isso seja possível, pois acredito na força do coletivo e na socialização como a grande energia que movimenta a blogosfera.

Interessados em mais informações 
ou em participar deixo aqui o link de dois amigos:

Christian V. Louis

Flávio Luis Ribeiro

sábado, 16 de junho de 2012

A arte de descobrir a arte


Exposição dos trabalhos da minha filha Luíse num corredor em casa.

   As artes plásticas assim como os livros deveriam ser incentivados desde pequenos. Em casa, a minha filha tem um espaço próprio para a exposição de seus trabalhinhos, que reservamos em um corredor. Nunca permiti que desenhasse nas paredes para que crie o pensamento de respeito ao patrimônio, e também despertar à ideia que “obra de arte” deve ser vista e é criada para ser vista.
   Além do trabalho que é feito na pré-escola e dessa brincadeira de colorir, desenhar, expor, criar esculturas com massa de modelar; visitar exposições artísticas introduz ao mundo das artes e, é ela, a própria expedição.
   Desde quando minha filha nem caminhava, eu a levava para o Museu de Artes do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, onde há uma pinacoteca vasta: material de acervo e exposições flutuantes. Ainda recordo de algumas vezes com a pequena no colo, parávamos diante de algum quadro mais colorido e de formas inusitadas, e ela sempre esboçava algum tipo de reação.
   Bem mais recente, fomos visitar o espaço da Fundação Iberê Camargo, artista plástico gaúcho reconhecido internacionalmente  – nascido em Restinga Seca, 1914; falecido em Porto Alegre, 1994.

Fachada da Fundação Iberê Camargo - fotografias de Ana Cecília Romeu



   O espaço da Fundação, por si só, traduz um tipo de magia, é como se entrássemos em um transatlântico à beira do rio Guaíba. De imediato, a expliquei que era um espaço de artes, de exposição, não poderia gritar nem correr. E assim, a pequena Luíse, agora com cinco anos, passou a falar baixinho e dizer que era uma “agente secreta”.

Fotos internas autorizadas sem o uso de flash


   






















Por meio de escotilhas na edificação é possível a vista do
rio Guaíba e parte do centro de Porto Alegre.
   Levei minha agente secreta por todos os cantos da edificação contornada por passarelas circulares. O ambiente é lindo e propício para as primeiras descobertas da arte. Minha filha pouco se deteve na frente de um quadro, o que é de se esperar para uma criança da idade dela, mas entendeu ser ali um lugar especial que exigia um comportamento diferente, e também propiciaria um tipo de viagem inesquecível.





   


















Espécie de mansarda que ilumina os corredores periféricos.
Quadros de Iberê Camargo.
Fotografia de autoria da minha filha Luíse.


















   É de pequeno que se desperta hábitos saudáveis, se motiva, estimula a criatividade. Não precisa ser grandinho para perceber que a arte não é um bicho papão, ainda que muitos adultos não percebam isso. A arte pode ser a fada madrinha que permite sonhos, e mora num transatlântico qualquer aportado na beira de um rio: lugar mágico que nunca mais vamos esquecer, apenas criar, recriar, sonhar, evoluir, enfim, viajar no sentido amplo da arte.


Ao sair da Fundação, o rio Guaíba já dá as boas vindas!



*Crônica publicada nos jornais: Diário Popular (Pelotas), NH (Novo Hamburgo), 
Correio de Gravataí, Diário de Viamão e Diário de Cachoeirinha.


Sugestão de leitura
   Minha crônica: Quindim e Merengue, que versa sobre relacionamentos. Para quem gosta do assunto ou mesmo de doces, aqui a dica. No blog da Cacá, a Catarina Leitske Medeiros, mais uma amiga, a exemplo do Jacques, que tenho da cidade gaúcha de Pelotas, o lugar de minha infância. 
   Você podem conferir no link:

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ele é lindo!


Foto-montagem de Ana Cecília Romeu

   Aconteceu uma coisa inusitada aqui no Humoremconto quando publiquei o post “Quem é o francês misterioso?”, dia 27 de maio, e é impossível não falar um pouquinho disso. De imediato, recebi algumas mensagens lá no facebook de amigas querendo saber quem era o cantor do vídeo, o Garou. Também houve comentários entusiasmados da ala feminina a esse respeito, e até gente que nem conseguiu comentar direito... E isso estendeu-se para o chat com amigos bloggers, onde tudo começou no Garou e acabou em quase tese de doutorado... Para quem não sabe, Pierre Garand (Garou), é um cantor canadense que se lançou fazendo o papel de Quasimodo na peça musical francesa: Notre-Dame de Paris, depois iniciou sua carreira solo.
   Conversando com minha amiga Joicy, ela me disse que lá em Goiânia quando um cara é muito bonito se diz: “aôôôôôô trenzããããããooooo!”
   Gente, ri mais de meia hora com isso, e logo me lembrei de outras expressões. Aqui em Porto Alegre dizemos: “tri”, antes de tudo que queremos ampliar a qualificação. O sujeito é “tri-bonito”.  Parece que esse nosso ‘tri’, veio do início do século passado quando os filhos de fazendeiros iam estudar na França e voltavam falando “très” para isso ou aquilo.  Quando morei em Rivera, cidade uruguaia, fronteira com Sant’Ana do Livramento, Brasil, as meninas chamavam os caras bonitos de “pão”, no território nacional; e de “churro”, no Uruguai (para quem não sabe, ‘churro’ é um doce de massa frita recheado de doce de leite). Interessante que um cara que era pão no Brasil, era um churro no Uruguai, mudava a guloseima, mas não o objeto em questão.
   Mas nem sempre beleza é unanimidade, até porque existem mulheres que preferem o príncipe, como é o meu caso; outras, o lobo mau; e ainda tem quem goste do caçador do lobo mau, e por aí vai.
   E assim vamos criando as expressões, nossos próprios conceitos de beleza física, o que nos agrada ou não, os mitos. Na minha adolescência, o Tom Cruise era o cara, até eu descobrir que ele tinha uns 10cm a menos que eu, não consegui me imaginar entrando no tapete vermelho do Oscar sem meus scarpins salto alto, e assim desmitifiquei a opção.
   Amo futebol e Fórmula-1, mas enganam-se os rapazes que estão lendo este: meninos, nem sempre assistimos a um futebol ou a qualquer esporte, ou filme, ou...,  apenas por assistir, entenderam? Aposto que a audiência sobe quando o uruguaio Diego Lugano entra em campo.
   Este é o Lugano:
Fotografia de um poster del Diário El País - Montevideo - UY.
   Ou subiu quando o Jenson Button venceu a Fórmula-1 em 2009, e todo o planeta pode vê-lo por mais tempo sem o capacete. Ou no seriado Lost, tudo por culpa de Josh Holloway (Sawyer) e Matthew Fox (Jack), sim, o roteiro é bom e inusitado, mas se perguntarem quem assistiu a Lost, posso jurar que vai ter um ou outro homem que nem sabe do que se trata; mas mulheres..., toooodas sabem de ‘quem’ se tratam.
   Além disso, existem no plano real pessoas lindas, mas ...; e uns com menos atributos, porém de carisma gigantesco o que faz subir sua ‘cotação na bolsa de valores’. Pois creio, tudo se trata também de atitude.
   A verdade é que beleza física dá audiência, credibilidade, motiva, inspira e empolga, ou não seriam as musas e os galãs para provarem isso. Se vai ser consistente ou não, depende do sujeito apreciado, mas uma coisa é certa, a Lei da Gravidade é para todos.
   Não sei até hoje se beleza física é fundamental. Mas bons livros e um sorriso no rosto ganham o mundo, quanto a isso não me restam dúvidas.

Dedico este a todas as leitoras do Humoremconto, 
em especial à lindona Joicy Sorcière 

Garou - You can leave your hat on