segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Série "O" - Conto 9: O Novo Ano

   Madrugada do primeiro dia do ano, Bento retornava de cidade vizinha com a sogra, cunhada, esposa e filha. Passaram reveillón na casa da irmã dele. Boa comida, champagne, risadas, música e todos estavam cansados.
   Chegando na casa da sogra, às 3h, e cunhada de Bento dera pela falta da cachorra caçula, que ocupava a vaga de número seis no pátio. Os outros cinco caninos pulavam na roupa branca de Bento.
   — Mas onde está minha Kíki? — disse cunhada
   Kíki era o nome da fera. De apenas três meses, a pequena pastorazinha já media, em pé, quase a altura da sogra de Bento. Tinha as patas enormes, não a sogra; a cachorra da cunhada, ops! Não a cunhada cachorra, tá bom? O bichinho, mesmo!
  Logo se perceberam uivos, bem baixinhos, vindos da garagem. Numa excepcional obra arquitetônica, os pedreiros da sogra deixaram um vão de uns 15cm entre a garagem e o muro, não me perguntem porquê. Não deu outra, Kíki estava presa no vão, emparedada, de barriga para cima, usufruindo de sua infância canina e sua vida de cachorro, literalmente.
   Após conversa de minutos:
   — Preciso fazer um buraco na garagem para puxar a cadela — disse Bento
   — Tudo bem! — disse sogra com rosto verde e olhos gigantes
   E Bento começava o tuc-tuc. Mesmo não querendo assumir mais tarde, sentia um certo prazer em abrir buracão na garagem da sogra, no bom sentido, claro.
   Foi quase hora. Aberto o buraco, começava a sessão puxa-puxa. E nada. Puxa-puxa..., e nada. A cadela estava presa. Nova conferência: Bento, sogra, cunhada, esposa e até a filhinha opinavam. Conclusão: abrir buraco no muro pela parte externa, ficaria mais fácil puxar a bichinha. Cunhada, no desespero, chamou bombeiros e melhor amigo. Bento seguia sua romaria de preces e tuc-tuc.
   5h da madrugada, "tenho que tirar esse bicho, não pensei que passaria assim minhas primeiras horas do ano", resmungou Bento.
   — Estou pegando ela, alcancei! — gritou ele
  Puxou com força, entre latidos e mordidas, Bento, com a roupa toda manchada, mãos trêmulas, retirava Kíki do vão, após exaustivas horas.
   No mesmo momento, chegou a cavalaria. No Velho Oeste, sempre pontual; mas na vida real, a estatística era outra. Bombeiros e amigo da cunhada, tudo junto, para testemunhar grande feito.
   Bento ainda segurava a cadela, como se um bebê fosse, quando levou uma lambida gosmenta, do queixo até a testa. Se ouviu um "chulap" há metros de distância. Assim, Kíki fez seu primeiro agradecimento do ano.

Créditos do salvamento ao marido "Bento".
Agradeço também ao Volnei, sempre muito solicito, nosso grande amigo!



Essa é a nossa amiga Kíki, parece mentira, mas a história é real.

12 comentários:

  1. Olá Cissa!

    Cachorros, sempre aprontando as suas. Também tive uma cadela que só se metia em confusão...

    Muito bom o conto!

    Abraços!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Genial a forma como contaste, Ana! Só poderia acabar em conto, mesmo...rssss
    Mas foi assustador... eu apavorada clamando por tudo quanto é ajuda...

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  4. Que belo texto,fico aqui imaginando o desespero das pessoas em querer ajudar e não conseguir. Mas teve um final feliz e isso que importa.

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  5. Eu já sabia que essa menina ia longe...
    Adorei o conto dela! Desde que foi minha aluna na 2ª série, ela já escrevia muito bem!

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  6. Que linda a kiki e que belo conto,que bom que tudo acabou bem.
    Feliz 2011,espero continuar contando com suas visitas.Bjs
    http://jufoquinha.blogspot.com

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  7. hehehe
    gosto muito da forma divertida como vc escreve!
    que kiki mais sapeca, hein???
    logo no reveillon ela foi ficar entalada! heheheheh
    que bom, que no final tudo deu certo!
    bjos!
    nathy
    www.nathybook.blogspot.com

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  8. Ai que linda essa kiki, Obrigada queridissima
    por ter desejado um bom ano novo pra mim.

    Desejo tudo em dobro pra ti viu.

    bj bj da Tuty.

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  9. Oi MINHA FLOOOR!!! kkkkkkkkkkkkkk
    Não, com os meninos é 'Meu caro" kkkkkkkkkkkkkk

    Ai, vc é um barato!

    Começar o ano novo desse jeito foi hilário, ein? Morri de rir imaginando a cena. Que agonia!

    Genteee, a Kiki é mto fofaaaa =)
    O agradecimento dela valeu por todo esforço, com certeza!!!

    Beijos e te espero lá no blog ;)
    www.nicellealmeida.blogspot.com

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  10. eiii adoreii o seu blog.. ja estou te seguindo... se puder me dar uma força e me seguir tbm :D

    beijoka
    niki

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  11. Cissa,
    No desespero, sessão puxa-puxa com nova conferência, só um brinde mesmo ao final de tudo.
    Aos poucos vou lendo todos os seus contos.
    Do jeito que escreve, parece que estamos participando do "evento"....
    Um beijo procê...eh

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  12. Incrível como cachorros conseguem fazer essas habilidades!!Mas ela ta enorme !!
    Mas agora aqui para nós que ninguém nos ouve esses pedreiros são geniais né!Deixar um vão entre a garagem e o muro!!Deve ser otimo para alguns bichinhos viverem..tipo ratos!!que podem ter muito bem ter sido a razão para cachorra se entalar ao perseguir-los!!

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