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Exposição de ovos gigantes pintados por artistas plásticos - Gramado/RS -
Fotos de Ana Cecília Romeu |
Pessoal, uma crônica* de Páscoa, logo voltarei às Histórias do Condomínio e outras novidades.
Lembro-me de criança que quando recebia os ovos de chocolate no domingo de Páscoa, logo tentava imaginar o que havia dentro. A grande diversão era procurar quais ovinhos do ninho tinham em seu recheio alguma surpresa. Mesmo para quem tem paladar especial para doces, adivinhar, dividir o ovo em duas partes e finalmente fazer a descoberta era muito mais empolgante, até mesmo do que comer o chocolate.
A Páscoa, assim como essa guloseima que a gente abre para ver o recheio, é o próprio ato de renascer. Como o ovo dos ninhos pascoalinos, é momento de renovação, renascimento, a transformação daquele pedaço de chocolate numa grande descoberta: o modificar da vida.
Trata-se de momento para revermos coisas, repensarmos o que poderia ser melhor no que somos verdadeiramente sujeitos: as ações de nossa própria existência - o renascimento de sentimentos genuínos, de projetos guardados, cenários passados e mesmo daquela amizade há tanto esquecida.
Dentro do ovo há vida. Não apenas do ovo invólucro que protege até o nascimento do novo ser, transformação natural da célula em sujeito de novas ações ao mundo; mas também do ovo que simboliza o renascer, da novidade que se descortina, a renovação, a mudança. Quando dividido em dois pedaços, se abre à inusitada possibilidade.
Em todas as culturas, e mesmo para quem não se crê religioso, a chance de um renascimento, figura de linguagem em sua expressão, é o próprio desenvolver da vida, propósito de evolução, da descendência. O refazer necessário ao crescimento e ao passar adiante. Produzir em si aquele algo a mais, que pode ser projetado a todos que nos cercam.
Não há quem não se emocione, ou pelo menos não se contagie, quando vê uma criança abrindo um ovo de Páscoa, nos olhos que ficam grandes à procura do inédito, na satisfação ao descobri-lo e ao redescobrir quantas vezes necessárias, metamorfose da criança em explorador; no adulto em alguém mais evoluído. Permitir-se crescer, e depois renascer e renascer: onda propagada de vida no nosso pequeno mundo.
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Estrada de Canela/RS. |
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Aldeia do coelho, no evento Chocofest - em Gramado. |
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Espetáculo musical na Chocofest - Gramado/RS. |
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Fotografia de autoria de Luíse Rodrigues da Costa,
minha filha de 5 anos.
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Feliz Páscoa para
vocês e suas famílias!
Grande abraço.
* Crônica publicada nos jornais:
Gazeta do Sul (Santa Cruz do Sul),
VS (São Leopoldo),
Diário Popular (Pelotas), Jornal do Comércio (Porto Alegre),
Diário de Cachoeirinha, Correio de Gravataí e Correio Rural.