![]() |
Fotografia de Pedro Costa - no Vaticano |
Somente a esperança tem os joelhos nítidos.
(Juan Gelman - em Límites)
Disse Maradona, argentino, ex-jogador de futebol, quando fez gol
de mão na copa de 1986 contra a Inglaterra, e jurou que foi a ‘mão de Deus’, referindo-se à uma ajuda divina.
Inevitável que eu fizesse uma analogia com a escolha do novo Papa, o sucessor
de Bento XVI.
Quando a fumaça branca do Vaticano sinalizou o “habemus
Papam”, eu e mais milhões de brasileiros entramos numa torcida ao vivo como em
final de Copa do Mundo, ainda que se tratasse de religião, e não de esporte. O
bem cotado para o cargo máximo da Igreja Católica, o brasileiro, gaúcho natural de Cerro Largo, Dom Odilo Scherer, parecia cada vez mais se encaixar
nas possibilidades.
Com a necessidade de uma renovação na Igreja Católica, coisa
que não se faz segredo a ninguém visto a perda em números de fieis, alguns
escândalos que vieram à tona nos últimos anos, a estagnação em diversas
questões; a renúncia de Bento XVI, mesmo assim, já tinha sido uma surpresa, o
que não acontecia há 600 anos. A escolha de um novo Papa que fosse alguém fora
da Europa, de um continente emergente como a América Latina, onde o número de
católicos é significativo, tendo no Brasil seu maior expoente, levou a crer
numa possibilidade real de um Papa brasileiro.
O que não esperávamos era o nome de Jorge Mario Bergoglio,
argentino, arcebispo de Buenos Aires, ser o novo Papa e primeiro da latino
América, o Francisco, como se autonomeou. Um drible surpreendente como se
Messi, o também argentino, e eleito o melhor jogador de futebol da atualidade,
nos tivesse roubado a bola num encanto de segundos e feito gol bem na frente de
nossos olhos inertes.
Mas o que a Argentina tem que nos dá a sensação de chegar
antes do Brasil em vários ‘títulos’? Não há dúvidas que os argentinos, em
especial os portenhos, dirigem rápido, o que faz o trânsito de Buenos Aires ser
muito “rápido”, aqui não existe outra palavra melhor para qualificá-lo; mas, para
além de Juan Manuel Fangio, o primeiro piloto de Fórmula 1 a vencer cinco
campeonatos, eles têm a linha de metrô mais antiga da América Latina. A
Argentina ainda carrega em suas conquistas cinco prêmios Nobel: dois da Paz,
dois da Medicina e um da Química. Por duas vezes, ganharam o Oscar de melhor
filme estrangeiro com: La historia oficial e El secreto de sus ojos.
Quem conhece a Argentina pode ainda atestar que no país
de Borges, Girondo, Gelman e Cortázar o pessoal lê muito, protesta quando
deve, não deixa passar em branco questões duvidosas na política, e ainda tem
uma das capitais mais apaixonantes do mundo.
A mão de Deus é para todos. E assim esperamos que o novo
Papa, um argentino, conduza os rumos da Igreja Católica a um maior
entendimento em diversas questões, e ele também seja uma mão a trazer um pouco
de segurança a tanta gente que ainda crê no principal campeonato: o da paz
mundial.
*Crônica publicada também no Jornal O DIA do Rio de Janeiro,
Jornal do Comércio de Porto Alegre,
Diário Popular de Pelotas,
Jornal A Plateia de Sant'Ana do Livramento,
NH de Novo Hamburgo
e Gazeta do Sul de Santa Cruz do Sul.
Jornal do Comércio de Porto Alegre,
Diário Popular de Pelotas,
Jornal A Plateia de Sant'Ana do Livramento,
NH de Novo Hamburgo
e Gazeta do Sul de Santa Cruz do Sul.
Mariposa Techinicolor - Fito Páez