![]() |
Fotografia de Pedro Costa |
A criança é a
estrela aparentemente mais frágil de todo o céu,
mas tem o
estranho hábito de ser a última a apagar-se.
Ana Cecília Romeu in Estrela Medrosa
I. Janela da Poesia
Há pouco, ao dar uma oficina de poesia para meninos de 7 e 8
anos, projeto que chamei de “Janela da Poesia”, e idealizei em função dos
personagens das Histórias do Condomínio
(obra registrada na Biblioteca Nacional) - agora adaptados ao universo infantil
-, desfrutei de momentos maravilhosos. Eu também fui um pouquinho criança
brincando de Poesia com eles. Um trabalho que partiu da interpretação
gestual à produção escrita livre dentro do tema
escolhido e sua apresentação individual na Janela
da Poesia (cenário móvel), além da produção de frases com rima e livres,
criação do complemento de um desenho e sua pintura. O objetivo foi plenamente
alcançado, todos brincaram com a poesia em suas várias formas, com ênfase na
escrita. A oficina transcorreu de forma espontânea e fluente, porque as
crianças são uma Poesia pronta. As crianças são Poesia em forma de gente!
E o projeto seguirá.
II. Sobre as crianças, Gaza e todos os mundos
As pessoas não querem a verdade.
Luíse Rodrigues da Costa, de sete anos.
“As pessoas não querem
a verdade” – não sei de onde Luíse tirou essas
palavras. Mas assim são as crianças: têm a sabedoria da simplicidade e percebem
tudo. Fico pensando porque algumas conseguem ter
uma infância plena; ao passo que outras têm carência de tudo. Porque algumas
vivem aqui; ou lá... Umas são protegidas; outras à mercê. Mas, principalmente,
me questiono: que tipo de infância teve pessoas que hoje matam a infância de
outras, que assassinam crianças e demais inocentes? Seja em Gaza, seja em
qualquer dos mundos...
III. Estrela medrosa
Às crianças por
iluminar tantos dos meus caminhos
A menina
olhou as estrelas e chamou sua mãe. Teve certeza de que piscavam para ela.
Falou sobre isso e ganhou um sorriso doce como resposta. A mãe colocou-a na
cama e fechou as cortinas do quarto. Deu-lhe beijo de boa noite, tocando na
ponta de seu narizinho.
Hoje sei
que elas nunca piscaram para mim. Sua vovó não me avisou sobre isso, mas creio
que já o percebia. É que na verdade, as estrelas estão dormindo e acendem a luz
por medo do escuro.
A mulher
repetiu o gesto de sua mãe tocando na ponta do narizinho de sua filha depois do
beijo de boa noite. Deixou acesa a luz do abajur do criado-mudo.
*Editei esta postagem em forma de crônica que está publicada também nos jornais:
*Editei esta postagem em forma de crônica que está publicada também nos jornais:
Correio do Povo (Porto Alegre)
NH (Novo Hamburgo)
Gazeta do Sul (Santa Cruz do Sul)
NH (Novo Hamburgo)
Gazeta do Sul (Santa Cruz do Sul)
Jornal do Comércio (Porto Alegre).