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sexta-feira, 5 de abril de 2013

O susto do crachá

Foto-montagem de Ana Cecília Romeu

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem que nesta terra miserável
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
(Augusto dos Anjos – in Versos Íntimos)


 Notícias e mais notícias de vários casos de atrocidades cometidos contra animais, crianças, mulheres, idosos..., enfim, do suposto mais “forte” abusando do mais “fraco” que me deixam a pensar sobre o inevitável rumo que nosso mundo está tomando ou que sempre tomou, e o quanto gostaria de não acreditar que esses fatos fossem verdadeiros.
   Não consigo entender o que move um ser humano a pensar que é superior a outro, ou mesmo superior à natureza, aos animais que tantas vezes nos oferecem lições incríveis. Qual o raciocínio, se existe algum, para que se chegue à conclusão de que se pode maltratar outra vida e legitimar-se com isso, muitas vezes postando publicamente suas “vitórias” em tempos de on-line, onde o imediatismo do “clic” do mouse e da foto por celular parece reger as atitudes mais torpes a serem expostas.
   Um mundo tão diferente daquele que meus pais me apresentaram ou dos sonhos de infância, onde a princesa linda e inteligente não pensava em ser melhor que os outros, se destacava e sustentava o título de heroína porque era alguém bom e justo.
   Hoje as pessoas se assustam se damos “bom dia”, “boa noite”, se perguntamos ao vizinho se está bem. Como se fossemos todos invisíveis, além disso aquele em cujo momento está numa posição dita subalterna parece ganhar visto de invisibilidade ad eternum com direito a passaporte à terra dos “comuns” e visto bloqueado à festa dos VIPs.
   Estive por estes dias no supermercado, e uma coisa que poderia ser banal me colocou em reflexão. Na hora de pagar fui muito bem atendida pela caixa e antes de sair a agradeci dizendo seu nome: “obrigada, Sabrina”, - a moça levou um susto -, foi então que apontei para seu crachá de onde fiquei sabendo como se chamava, ela sorriu envergonhada. Suponho que nunca é chamada pelo nome.
   Pois, sim, as pessoas têm nome, não são números em cartão ponto, não são estatísticas ou qualquer coisa que se possa medir pela "força". Não devem ser mensuradas pela insígnia de família perpetuada em testamento, ou ao contrário, pela ausência de herança a ser declarada no imposto de renda. As pessoas apenas merecem e devem ter respeito. Quando o ser humano entender alguns passos básicos, aqueles que estão no dia-a-dia próximos da percepção, quem sabe o rumo do mundo seja menos previsível.



Supertramp - Better days


Aviso..........
   Pessoal, troquei a apresentação do blog e o título nela para: Letras de Ana Cecília Romeu -  a fim de confirmar a tendência neste espaço virtual de serem publicados textos variados de minha autoria, não só os com conteúdo de humor. No demais tudo permanece como estava. 
   Agradeço a minha irmã, Isabel Rodrigues, pelo design, e a todos pela presença!