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quinta-feira, 16 de maio de 2013

A marca da elegância

Fotografia de Ana Cecília Romeu


   Um comportamento tem me chamado a atenção nas redes sociais da internet, a necessidade das pessoas em expor o lado bom da vida, ou o que elas julgam bom. Até aí não há nenhum problema quando se quer socializar, angariar amigos ou contatos, se divertir; a questão é quando isso se torna viral, o que é uma das características do meio virtual, e temos então um efeito dominó ao som de La vie en rose, numa busca incessante do parecer-se elegante ao alcance de um clique.
   A favor disso, precisamos de escapes para deixar nossa vida mais leve, o que nos define os afetos, as histórias que temos com as pessoas que amamos. E todos criamos nossa própria política do “pão e circo” para poder respirar um pouco num mundo que pode nos tirar o ar a qualquer momento. E assim nos apegamos ao lazer, em algum hobby, no futebolzinho de fim de semana, o bar com amigos, uma saída às compras, e isso é ótimo e necessário.
   Todavia ainda que a fronteira da comunicação não seja exata, tudo tem seu limite. Quando fazemos um perfil público para nos socializarmos virtualmente, está ali nosso rosto, nossas viagens, múltiplos happy-faces em todos os ângulos, mas também tem que estar presente o que pode acrescentar a quem interagimos, nossas indagações para além da crise existencial sobre qual marca de roupa é melhor, ou qual iogurte frozen convém consumir.
   Assinar para receber atualizações da grife de alta costura, da boutique famosa de decoração, do restaurante badalado, tudo bem; no entanto fazer suas atualizações apenas em torno disso, enquanto que o país vive uma crise crônica, onde o cidadão não se mobiliza, ou quando o faz não se leva a sério, - apenas para citar um exemplo -, me diz sobre essa pessoa que a sociedade como está, se mantém graças a esse tipo de atitude.
   Como versa o dito popular: “o que é moda não incomoda”; mas como seria bom que ter uma opinião formada, levar adiante o que se pensa na voz e no ato também fosse moda, para além da alta costura, da perfeição do corte, do uso do tecido, das cores e adereços da nova estação.
   Saber usar a cabeça é uma arte: ter uma postura diante das coisas que não estão corretas em nossa vida, na comunidade, no país, no mundo; focar no “fazer” sem imposições, mas agregações. Desejar uma sociedade mais humana e vestir-se dela: não existe atitude mais elegante à prêt à porter, seja se você está de salto alto ou calçado esportivo. 


Crônica publicada também nos jornais: Gazeta do Sul (Santa Cruz do Sul), 
Diário de Cachoerinha/Sinos e Correio de Gravataí/Sinos.


La vie en rose - Iggy Pop 


Agradecimentos............
   Agradeço a minha amiga, a escritora Mariazita, Maria Caiano Azevedo, por ter colocado no banner de seu blog "A Casa da Mariquinhas - com Lírios e Histórias de Encantar", o último parágrafo da minha crônica: Domingo diferente. 
   A Mariazita é uma pessoa que tem se tornado muito especial para mim, alguém que sinto como uma forte e indispensável presença. E o além-mar se faz único oceano, perto, bem pertinho de nós.
   Obrigada, querida amiga, por seres ponte e caminho!
   Convido vocês a conhecerem seu blog: http://acasadamariazita.blogspot.com.br/

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Enredados sociais

Fotografia de Ana Cecília Romeu

   Pessoal, no próximo post retorno com as Histórias do Condomínio. Neste, fiquem com uma crônica de minha autoria. Abração a todos!

   O filósofo e educador Marshall Mcluhan criou o conceito de ‘aldeia global’, onde o mundo estaria sujeito a se transformar em espécie de aldeia pelos efeitos da revolução tecnológica: computador, telecomunicações. O planeta passaria a ser integrado via satélite, o que estreitaria as relações políticas, econômicas e sociais.
   Partindo deste princípio, pensei na aldeia global sob a ótica de nossa vida, como grãos de areia dessa enorme praia, uma microunidade ligada a outro grão e outro, o que nos torna efetivamente índios que participam de única aldeia ou praia do tamanho do planeta terra.
   A partir da televisão, e com mais vigor após o advento da internet, celular, redes sociais, é impossível pensar-se como ser único e isolado. Revendo o ‘Oráculo de Bacon’, jogo na web onde o objetivo é começar com qualquer ator ou atriz e depois colocar o filme em que atuou até fazer o menor número possível de ligações ao ator Kevin Bacon, tive certeza disso. Exemplo do site Oracle of Bacon: Mary Pickford que trabalhou em ‘Coquette’ (1929) com Louise Beavers que fez ‘... young caniballs’ (1960), onde trabalhou com Robert Wagner que fez ‘wild things’ (1968), com Kevin Bacon.
   Penso nesse oráculo, apesar de um jogo, como uma espécie de materialização desse conceito de aldeia global, agora visto pelo aspecto pessoal, mas os efeitos da tecnologia e de um simples ‘clic’ nos podem colocar conectados com qualquer índio de outra aldeia, até mesmo os que vestem o porte de cacique ou celebridades Bacon.
   Suponho até que seria possível concluir o oráculo e ter meu nome ligado ao Kevin Bacon. No que intuo que poderia também estar ligada ao Kevin arquiteto, ao Kevin escritor de um país que nem domino o idioma, ou até mesmo ao Kevin pescador de outro continente, quando sequer sei ou gosto de pescar. Mas algum ponto de nosso mundo pessoal e/ou profissional nos liga a todos os outros índios, sejam Kevins, Bacons ou até ao próprio Kevin Bacon.
   A reflexão sob esse ponto de vista poderia ser produtiva no momento em que o ser humano, percebendo essa ligação natural e que os meios tecnológicos estreitaram, se tornassem um parte do outro no respeito mútuo. Afinal, se somos grãos da mesma praia, mesmo colocados em extremos, ainda somos grãos da mesma praia.

Crônica publicada nos jornais: O Dia (Rio de Janeiro), 
NH (Novo Hamburgo), Diário Popular (Pelotas), 
A Platéia (Sant'Ana do Livramento), 
Diário de Viamão e Correio de Gravataí.