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Fotografias de Pedro Costa - Autódromo de Estoril, Portugal |
"...da quando Senna non corre più... non è più domenica e non
si dimentica."
Desde que Senna não corre mais... não é mais domingo, e não
se esquece.
(música de Cesare
Cremonini – Marmellata #25)
28 de agosto de 1992 – Treino de
classificação do Grande Prêmio da Bélgica de Fórmula 1, o francês Érik Comas
sofreu um acidente e seu carro ficou atravessado na pista ainda ligado. O
piloto que vinha atrás, quebrando o protocolo, parou e foi ao encontro de Érik,
desligando o motor para evitar uma explosão. Nome do piloto: Ayrton Senna.
1 de maio de 1994 – Curva Tamburello,
Grande Prêmio de San Marino. Um piloto, ao ver que Ayrton Senna havia se
acidentado gravemente, saiu do box com seu carro, chegou ao local passando a
barreira da segurança, mas foi impossibilitado de prestar socorro. Nome do
piloto: Érik Comas.
Mais tarde, Comas afirmou
em entrevista à rede francesa: “Ele salvou minha vida, mas cheguei muito tarde.
Fui o último piloto a vê-lo. Foi difícil aceitar que tive a honra de fazer a
última visita antes de ele ir embora. Para mim foi o fim do livro da Fórmula 1”
(fonte: globoesporte.com).
A consagração na
revista inglesa Autosport em 2009 por 217 ex-pilotos que o elegeram como o
maior de todos os tempos; o que também fez a britânica BBC em novembro passado
(fonte: Gazeta Press), legitimou o que todos seus fãs já percebiam.
Ao lembrar de Senna
pelo que mais me tocou, diria que ele proporcionou aos torcedores da Fórmula 1
um domingo diferente. Aquele em que acordávamos mais cedo para passar o café,
pois sabíamos que assistiríamos no mínimo a um espetáculo. E isso aconteceu a
diversas famílias do mundo, independente do continente ou fuso horário.
Ayrton fez um domingo
diferente no GP de Mônaco em 1984, quando seu limitado Tolemans saiu do 13º lugar no Grid e chegou em primeiro sob chuva torrencial; mas com a prova
paralisada, foi concedida a vitória à Alain Prost, que havia sido ultrapassado
pelo brasileiro momentos antes. Até que em 21 de abril de 1985 aconteceu sua primeira
vitória no autódromo de Estoril em Portugal, abaixo de mais chuva. Fora das
pistas, suas colocações inteligentes e energia na defesa da segurança dos
pilotos também se fez domingo diferente em qualquer dia da semana.
25 de outubro de 2012
– quinta-feira, chuva no autódromo de Estoril, e lá estava eu no cenário da
primeira vitória de Senna. Na noite anterior, a recepcionista do hotel, ao nos
perceber brasileiros, comentou sobre o piloto; depois foi o garçom e um rapaz
no autódromo, todos com saudosismo. E agora eu observava a pista e as arquibancadas
vazias. Não ouvia o ronco dos motores, nem a Lotus passar em primeiro na linha
de chegada, mas tive a certeza de que nosso brasileiro também era português,
japonês, italiano, francês..., era do mundo.
Muitas vezes me
perguntei por que algumas pessoas chegavam mais cedo para a festa lá no Céu,
quando ainda queríamos tanto a companhia delas. Hoje sei a resposta: porque Anjos
sempre voam mais rápido.
“Há um grande desejo em mim de sempre melhorar.
Melhorar é o que me faz feliz. E sempre que sinto que estou aprendendo menos,
que a curva de aprendizado está nivelando, ou seja o que for, e então não fico
muito contente. E isso se aplica não só profissionalmente como piloto, mas como
pessoa.” - Ayrton Senna
Senna salvando Érik Comas - 1992
Érik Comas vai à Tamburello - 1994
Primeira vitória de Senna em 1985 - Estoril, Portugal
*Crônica publicada também no Diário Popular de Pelotas,
Diário de Viamão, VS (São Leopoldo).
Diário de Viamão, VS (São Leopoldo).